Birras e mais birras, cara feia e bastante choro. Isso é comum quando os pais dizem não e a criança se sente contrariada. Muitos cedem pressionados pelo escândalos, mas afinal, o que fazer? Giuliana Temple, psicóloga e professora do curso de psicologia da Faculdade Pitágoras, acredita que as crianças precisam aprender, desde pequenas, qual é o limite do seu universo: o espaço que tem para se manifestar, conhecer o mundo e o outro.
“O “não” serve como uma espécie de barreira, que ajuda a criança a construir, inclusive, a noção do seu próprio limite. As que não ouvem “não”, são crianças sem limites e sem delimitação”, explica Giuliana.
Na infância, essa ausência de limites até é tolerada. Já na adolescência e na vida adulta, uma pessoa sem limites, que invade o espaço dos demais, é considerada inadequada, chata e, consequentemente, terá dificuldades de convivência: “nem sempre a criança lida bem com o “não” e com a frustração de não ter seus desejos atendidos, mas esse exercício na infância permite o surgimento de uma pessoa mais tolerante e menos cheia de mimos”, explica a psicóloga.
Muitas vezes, a permissividade dos pais é uma forma de compensar o tempo passado longe do filho, a falta de afeto, a culpa. Contudo, o que muitos não sabem, é que dar limites para os pequenos dizendo “não” fortalece a relação. Crianças que têm “limites” são mais tranquilas, seguras e confiam em seus educadores.
Muitas vezes, voltar atrás numa decisão ou em um “não” não é prejudicial, mas é uma forma de rever posições e ensinar os filhos a serem mais tolerantes e compreensivos, ouvindo a opinião e as vontades do outro. O prejudicial mesmo é não ter uma diretriz clara de educação: mudanças bruscas de decisão e um opiniões divergentes dos pais confundem as crianças, deixando-as inseguras e indecisas.
“Os filhos não querem que seus pais sejam legais como seus amigos, eles querem pais que possam confiar suas dúvidas, angústias e incertezas. Por isso, o melhor caminho para o equilíbrio nas relações é sempre o diálogo. Conversar, conversar e conversar! Entender o motivo dos filhos quererem determinadas coisas, saber qual é o momento de “delimitar” ou o momento de ceder. Opiniões e ideias rígidas não contribuem para a educação, apenas criam distância e medo”, conclui Giuliana.
Fonte: Pompom