O início do ano é o momento de voltar ou começar a frequentar a escola. A reunião com amigos e professores é, na maioria das vezes, um momento de alegria para as crianças, mas pode causar alguns problemas. A mudança de rotina que as férias causam e o reencontro com diversas pessoas acarretam em patologias comuns à infância, mas que preocupam os pais.
É o caso das viroses. O contato súbito entre as crianças que há um tempo não se veem, cada uma trazendo sua nova carga bacteriana, faz com que doenças se proliferem entre elas, como as conjuntivites. Como as escolas aproveitam para reformar os espaços na época de férias, o aumento da exposição à poeira e aos odores de produtos químicos eleva a incidência de alergias respiratórias.
“Nas férias, os cuidados dos pais, muitas vezes, são menores do que no período escolar, aumentando os casos de crianças com piolhos. Já nas viagens, é mais fácil se alimentar em lugares de procedência duvidosa, aumentando a incidência de verminoses. Há maior ocorrência, também, de otites pela frequência alta de exposição a piscinas”, exemplifica o otorrinolaringologista do Hospital CEMA, Dr. Milton Orel.
Além disso, há o risco de contágio por doenças da estação, como resfriados, gripes, escarlatina, diarreia aguda e outras viroses. É comum observar maior ocorrência de viroses respiratórias no inverno e de viroses gastrointestinais no verão, mas esta tendência vem se modificando com um maior fluxo de crianças em viagens para regiões de clima oposto ao brasileiro, trazendo as doenças de outras estações do ano.
Os soldados do corpo
Evitar essas contaminações depende não somente de certos cuidados, mas dos anticorpos das crianças. Eles são criados durante toda a vida, desde o intraútero das mães. A criança que nasce após nove meses de gestação recebe uma carga de anticorpos que a protege pelos primeiros meses de vida. No nascimento, começa a entrar em contato com as bactérias do ambiente, passa a produzir uma defesa pelo sistema que é a produção de anticorpos e linfócitos T específicos contra a bactéria que o corpo ainda não conhecia.
O Dr. Nudelman explica que se a bactéria for causadora de doença, na primeira vez, a criança desenvolverá a patologia, mas, em uma segunda vez, ela conseguirá eliminar a bactéria sem causar a doença.
As crianças são protegidas, também, pelas vacinas, que é a aplicação de partes de vírus ou bactérias, ou estes microrganismos vivos ou mortos, mas bem fracos, para a formação de anticorpos e linfócitos T.
Os cuidadores também têm função essencial em todo o processo. “Os pais já perceberam que uma boa alimentação, saudável e evitar as ‘besteiras’ ajudam bastante. O leite materno é um fator excepcional de proteção e o ideal é uma amamentação até os dois anos de idade”, afirma o pediatra do Hospital Santa Catarina.
É papel deles, também, ensinar hábitos corretos de higiene pessoal e coletivo. Como exemplo, o otorrinolaringologista do Hospital CEMA cita evitar roer unhas e lavar as mãos com frequência e de modo adequado. Os pais devem evitar enviar seus filhos à escola se estiverem doentes, deixá-los um pouco no sol diariamente e incentivá-los a praticar atividades físicas ao ar livre.
“A maior parte das viroses tem como porta de entrada a via digestiva, iniciando pela boca. Sendo assim, é de suma importância o hábito frequente de lavar as mãos. O uso de álcool em gel também deve ser estimulado em algumas situações, bem como caprichar na higiene dos alimentos, objetos e brinquedos”, frisa o especialista.
Se a criança fica doente muito frequentemente, fazendo uso constante de antibióticos, necessitando de internações hospitalares, seria conveniente conversar com o pediatra para fazer exames para avaliar se não há um problema de deficiência imunitária congênita ou adquirida e, nestes casos, instituir tratamento adequado.
Entretanto, segundo o pediatra do Hospital Santa Catarina, a maioria das crianças deve ser acometida por infecções virais nos primeiros três anos de vida com frequência de quatro a oito vezes por ano, principalmente se frequentar escola ou creche.
“O sistema imunológico é que permite a cada um manter sua identidade biológica, ser um ser único entre todos os seres vivos. Para isso, repelimos o que invade nosso corpo e não é idêntico a nós, seja uma bactéria, um vírus ou um parasita. Com isso, o corpo se defende e pode sobreviver saudável”, finaliza o Dr. Nudelman.
FONTE: guiadafarmacia.com.br