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Cuidado, exercícios abdominais podem prejudicar a saúde

Os exercícios abdominais são frequentemente utilizados com o propósito de tonificar a musculatura do abdômen e ajudar a evitar o acúmulo de gordura na região. A prática já é tão comum que está enraizada nas academias e centros esportivos. A comunidade científica, porém, passou a questionar a segurança e a eficácia desse tipo de atividade.

Os pesquisadores investigam se a realização de abdominais é realmente a responsável pela tonificação da barriga ou se este seria resultado de uma alimentação balanceada e atividades aeróbicas. Além disso, há estudos que buscam compreender se os riscos associados à prática não superariam seus benefícios.

Exercícios abdominais: entenda os possíveis riscos

Uma pesquisa realizada no ano de 2011 em Illinois, nos Estados Unidos, trouxe um dos primeiros indícios de que fazer apenas exercícios abdominais – e não aeróbicos – não faz diferença alguma no tônus muscular. A experiência reuniu dois grupos: um fazia abdominais diariamente, enquanto o outro apenas assistia.

Depois de seis semanas, os especialistas fizeram medições detalhadas em cada voluntário. O resultado? Não se observou diferença na circunferência da cintura ou na quantidade de gordura na barriga entre os integrantes de ambos os grupos.

A pergunta que fica desde então é se os exercícios abdominais são realmente necessários. A resposta ainda não é definitiva. Em contraponto ao estudo conduzido em Illinois, há uma sistemática de pesquisas que apontam para vantagens proporcionadas por atividades desse tipo: maior flexibilidade e melhora da força muscular seriam algumas delas.

Ficou na dúvida? De acordo com um levantamento realizado na Universidade de Waterloo, do Canadá, o ideal é buscar outras alternativas. Principalmente porque, segundo as evidências, os exercícios abdominais poderiam prejudicar a coluna.

O Stuart McGill, condutor da pesquisa e professor de biomecânica da coluna, é quem chegou à conclusão. Ele fez dezenas de estudos de laboratório com o uso de cadáveres de porcos. Suas colunas eram flexionadas repetidamente, de maneira semelhante ao movimento de atividades abdominais.

Depois da experiência, ele percebeu que os discos na coluna das cobaias ficaram comprimidos. Em um ser humano, isso poderia causar pressão nos nervos e hérnias. McGill escolheu porcos por terem uma estrutura semelhante à humana.

Ainda assim, é válido lembrar que o pesquisador flexionou exaustivamente a coluna dos animais. Em um treino, no entanto, é comum que existam intervalos entre uma série e outra. Ou seja, a diferença estaria na forma de praticar o exercício.

Além disso, a genética também pode ter relação com o fato dos abdominais prejudicarem ou não a coluna. Segundo uma pesquisa da Universidade de Alberta, também do Canadá, fatores genéticos correspondem a até 75% das diferenças entre as pessoas que sentem dores nas costas e aquelas que não sofrem desse incômodo.

De modo geral, portanto, ainda não é possível afirmar se os exercícios fazem ou não bem à saúde. De qualquer modo, é sempre válido ter cuidado na hora da execução e contar com acompanhamento profissional.

Abdominais: cuidados e alternativas para substituir

Antes de condenar os abdominais, é importante lembrar que toda e qualquer prática esportiva pode trazer riscos. O fisioterapeuta Rodrigo Fazio reforça que as modalidades, cada qual com seu grau de impacto, podem acarretar problemas à saúde se forem praticadas incorretamente.

Assim, a recomendação geral é seguir as instruções de um educador físico ao fazer qualquer exercício. Isso ajuda a preservar a coluna (lombar e cervical) e as articulações, que são as regiões que mais sofrem com a prática errada. No caso dos abdominais, ainda há alternativas para substituir os exercícios tradicionais.

Os abdominais hipopressivos, por exemplo, prometem trabalhar toda a musculatura e tonificar o abdômen. Neste tipo de exercício, a orientação é apenas deitar no chão e contrair ao máximo os músculos da região, mantendo a posição por cerca de 15 segundos. Como a coluna fica estática, não há riscos.

FONTE: doutissima.com.br